08 abril, 2014

Dicas desnecessárias de uma criatura em conserto

Não sei bem ao certo como tudo começou, mas lembro bem como tudo terminou.
Mas não quero contar como aconteceu.
Quero dizer como não se comportar diante uma situação de término de relação.
Não se entregue à saudade. Não faça dela a porta de entrada para a desesperança.
Não superinterprete um emoticon em forma de sorriso ou duas frases de solidariedade. Na maioria das vezes, ela só querem dizer aquilo mesmo.
Portanto, não ache que ele/ela está com saudades ou se arrependeu do que fez.
Não provoque encontros na tentativa de fazer com que a pessoa enxergue em você algo que ainda não conseguiu ver. Boa parte das situações se tornam constrangedoras e você não consegue mostrar nada além do que ele/ela já sabia.
Você continua sendo uma pessoa que ele/ela acha legal, mas não mais para retomar de onde vocês pararam. Aceite a amizade que lhe foi oferecida. É o máximo que a pessoa pode lhe dar.
Outra situação: vocês vão sair.
 
Só porque o encontro foi programado pelo outro ser humano, não fique pensando que no desenrolar da conversa, você ouvirá um: desculpa pelo que fiz, fui bobo/boba e te chamei pra sair porque quero você de volta na minha vida pra sempre.
 
Não fique imaginando que, só porque vocês conversaram, riram, ele/ela contou como foi na faculdade ou trabalho, você contou seus planos, todos riram da sua imaginação fértil e, depois disso, vocês foram pra um lugar mais reservado, que você estará com uma aliança na mão direita daqui a um mês. Imagina-se que boa parte disso seja natural quando você sai com alguém.
 
O que acontece é que as malditas expectativas tomam conta de todo o seu ser e, no final, o que pode acontecer é você se desesperar porque nada aconteceu como você gostaria.
 
Se for pra criar todas essas expectativas, melhor nem ir.
Na verdade, seja consciente e tome a decisão que achar melhor. Peque por ir ou não. Arque com as consequências dos seus atos. Se não for, não fique lamentando o “se eu tivesse ido tudo poderia estar melhor agora”. Não foi, não foi. Perdeu, playboy.
Diferente da chácara do Chico Bolacha (valeu, Cecília!), se você for procurar algo que a seleta pessoa fez nas redes sociais, você acha. E, na maioria das vezes, infelizmente, não encontra muita coisa legal. Portanto, não dê brechas pra raiva ou ciúme desnecessário de uma pessoa que nem está mais com você.
Dicas finais: não tente soltar indiretas, a não ser que você esteja preparado/preparada pra ouvir os seus sonhos sendo quebrados; não puxe uma conversa com histórias inventadas, principalmente, se você inseriu mais de duas pessoas na história (convencer uma pessoa a mentir é uma coisa, agora duas...); e, por fim, vá procurar o que fazer. É isso mesmo: vá escrever, ler, pular corda, pentear macaco e deixe a pessoa ser feliz com quem ela quiser.
Dói fazer isso? No começo, dói de ter dó de si mesmo, mas é necessário. É ruim ver a pessoa que você ainda gosta sendo feliz com outra? Poxa, pra ser sincera, é horrível porque você começa a se achar o poço da incompetência amorosa, a última pessoa na fila dos esquecidos pelo Cupido.
Não sou pessimista. Claro, algumas pessoas voltam e voltam pra sempre. O que quero dizer é que tudo é possível nessas questões de amor. O melhor mesmo é ir com calma e deixar que a situação se esclareça para, a partir disso, acreditar que tudo vá dar certo outra vez ou não.
O certo mesmo é que a vida tem que seguir. Aos trancos e barrancos, quem sabe. Mas, por favor, não transforme os barrancos em montanhas. Possa ser que você não seja um bom alpinista.