16 dezembro, 2013

Para Papai Noel

Querido Papai Noel,

tenho um pedido para fazer. Mas, antes de tudo, quero dizer que fui uma boa menina este ano. Não fumei. Só.

Matei uns sentimentos em mim, mas foi necessário. Eles estavam me sufocando. Foi autodefesa. Perdoe-me, mas matei algumas pessoas também. Não me somavam, pelo contrário, me subtraiam tempo, pensamento, sorrisos, felicidade. Dei um corte certeiro na jugular do convívio. Hoje, elas descansam em paz em algum lugar.

Acho que vou lhe desapontar, mas eu roubei. Roubei sorrisos, olhares, sussurros, beijos, abraços. E bebi muito! Tomei grandes doses de extremos e no meio de tantas indecisões, percebi que injetar um pouco de emoção na veia foi o suficiente para ganhar fôlego.

Desrespeitei muitas regras. Fui feliz sem medida, na minha hora, do meu jeito, sem me preocupar com reações colaterais, sem seguir um modelo pronto. Fiz meu jogo; joguei-o como achei certo. Machuquei partes de mim, mas no final, consegui o que queria.

Fui um pouco desleixada. Perdi muita coisa: caneta, dinheiro, sono, paciência, amigos. Perdi tempo me preocupando com quem não devia. Deixei as coisas passarem por mim causando danos, trazendo feridas, deixando marcas e não fiz nada. Perdi e fui fraca.

Ah, Papai Noel, mas eu ganhei. Logrei amigos e fortaleci laços. E também lutei, fiz por onde e consegui. Mesmo com meus defeitos e limitações, eu vou seguindo. Dizem que sou levemente incapaz, mas sei que chego até o final; pois se “textos interrompidos são frustrações da alma”, projetos inacabados são conquistas da desesperança, e essas palavras não combinam com o azul que colore a borboleta em minhas costas.

Esse ano fiz sorrir, chorar, esperar. Distribuí sorrisos, beijos, abraços e palavras que serviram como acalento ou como um soco no estômago. Servi chás que foram bem apreciados. Cantei a vida e dancei em algumas partes. Enfim, deixei-me à disposição de quem quisesse ser feliz.


Meu pedido? Me traz um ano novo na medida. Na medida em que der pra eu viver do meu jeito e ser mais feliz.

11 dezembro, 2013

Inquietações

Em que caminho ficou teu olhar?
Qual passo entortou teu sorriso?

Em quantas mãos você já entregou sua vida?
Em quantas vidas você achou a sua?

Que direção aponta a saída?
Quantas bocas guardam tua saliva?
Em qual corpo você encontra abrigo?

Em quais gavetas você guarda os sonhos?
Onde você esconde seu medo?
Do futuro, da vida...
Onde estão os teus mais obscuros segredos?

Em qual cidade você deixou sua história?
Sob que ponte correm as águas da memória?

Em quantos vazios estão perdidos os pensamentos?
Em quantos tempos você toca o sossego?
Em qual esquina se encontra sentimento?
Em qual entrelinha ficou perdido o teu desejo?