25 março, 2013

Autoestrada


Os caminhos que vão, às vezes, voltam.

Meu caminho se foi para longe daqui.

Não sei se o problema foram as minhas pernas que não conseguiram acompanhar o ritmo pelo qual a vida me conduzia, ou se, de fato, o caminho possuía labirintos, abismos, bosques; se era puro deserto.

De tão misturados, não sei dizer quem era o tortuoso ou o obscuro, mesmo que houvesse uma luz oriunda dos vaga-lumes que nos acompanhavam.

Sei que eu fiquei e meu caminho foi. 

Quando outro caminho virá? Aparecerá um atalho para o mesmo caminho ou para outro? Definitivamente, não sei. Mas, espero.

Quero estradas, caminhos, armadilhas, emboscadas. Quero tensão, emoção, aventura, felicidade, espanto e calmaria. Quero um novo rumo, quero uma terceira opção. Chega de estrada duplicada; prefiro uma via aberta e uma encruzilhada.

17 março, 2013

Estranhos


É complicado entender o que somos agora: dois estranhos. Tenho que me lembrar que não tenho mais livre acesso à sua vida, sua casa e seus bichos.

Que quando a porta for aberta, eu não posso mais entrar na sua casa como antes: sem ser convidada, sem alguém me acompanhando, sem alguém pra me dizer “pode entrar”.

Estranhos os abraços e a falta deles. Estranhos os olhares, as birras, as discussões; estranho perceber os defeitos que antes não existiam. Estranho mesmo é gostar deles.

Estranha a sensação de que a pertença não mais existe que o que era seu é de outro alguém. Que o querer pra si já não mais existe ou não pode ser declarado como antes; na verdade, ele não pode mais nada. Impotente.

Complicado, estranho, esquisito, diferente. Os nomes são vários, mas, o que menos importa, é a definição. Depois disso, eu só entendi uma coisa: quando você não quer, eu não entro na disputa.

06 março, 2013

Blecaute


A pior coisa que fiz foi te procurar; ver teus olhos brilhando pra mim outra vez. Ver de novo aquele sorriso que me faz bem e relembrar que naquele lugar fomos tão felizes.

Fui burra em dizer que sinto saudades, que você é especial e que estaria pronta pra enfrentar qualquer batalha ao teu lado sem me preocupar com o amanhã. Deveria ter permanecido calada, fingindo que o mundo é azul, que o sol escaldante não me atinge e que estou bem.

Maldita hora em que decidi refazer o caminho que levava até você. Lembrei-me dos nossos passos na calada da noite, fugindo dos outros, à procura de nós. Seria melhor ter permanecido imóvel, assim, não teria transparecido o vazio que me preenche.

Momento errado pra luz do passado reacender.

Um blecaute, por favor.

03 março, 2013

Fim do amor

O chá de hoje não é meu, mas bem que eu gostaria de ter escrito esse maravilhoso poema de autoria de Sérgio Vaz. Que vocês tomem uma xícara transbordante deste chá assim como eu! Boa leitura. =D

Sim, o amor acabou,
mas obrigado por ter começado.
Fui feliz porque te amei
honrado por ter estado ao seu lado,
mas ainda que tua boca diga que me ama
o silêncio dos teus olhos aflige meu coração.

Houve um tempo que sorríamos muito
em que nossas mãos caminhavam unidas
como uma oração ao Deus da felicidade
e hoje, ainda que haja lágrimas
essa lembrança alivia a dor na despedida.

Peço perdão
se por acaso não cumpri a promessa da eternidade
porém fui eterno todas as vezes que, 
entre um sussurro e outro,
ajoelhei diante do milagre dos teu beijos.
E crucificado
na cruz dos dias que não davam certo
me sentia um deus
todas as noites
que ressuscitava em seu braços
o amor nosso de cada dia.

Não sei se posso ser seu amigo
depois ter sido seu amante,
mas depois de ter sido teu amante,
que graça tem ser seu amigo?

Não quero de volta as estrelas
que te dei
em troca de
todas as vezes que você me levou ao céu.
O amor é um presente
que poucos podem ter, ou dar.
Amar é um ato de coragem
já desamar requer humildade.

Quando se dá o último abraço
é porque já faltava braços há muito tempo.

Não quero entender o amor
de minha parte, só queria dizer obrigado.

*Sérgio Vaz